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quinta-feira, 22 de novembro de 2018

O Evangelho segundo Jesus Cristo (José Saramago)


























"(...) cada um de nós é este pouco e este muito, esta bondade e esta maldade, esta paz e esta guerra, revolta e mansidão."





"Vem de longe e promete não ter fim a guerra entre pais e filhos, a herança das culpas, a rejeição do sangue, o sacrifício da inocência."




"(...) o tempo dos milagres, ou já passou, ou ainda está para chegar, além disso, milagre, milagre mesmo, por mais que nos digam, não é boa coisa, se é preciso torcer a lógica e a razão própria das coisas para torná-las melhores."


"(...) meditar sobre a natureza de um anjo que, chegado não se sabe donde, vem dizer-nos que o não é de perdões, declaração ao parecer irrelevante, pois é sabido não serem as criaturas angélicas dotadas do poder de perdoar, que só a Deus pertence. Dizer um anjo que não é anjo de perdões, ou nada significa, ou significa demasiado (...)."


"(...) o infante Jesus acordou, mas agora a valer, que antes mal abrira os olhos quando sua mãe o enfaixara para a viagem, e pediu alimento com a sua voz de choro, única que ainda tem. Um dia, como qualquer de nós, outras vozes virá a aprender, graças às quais saberá exprimir outras fomes e experimentar outras lágrimas."


"O remorso de Deus e o remorso de José eram um só remorso, e se naqueles antigos tempos já se dizia, Deus não dorme, hoje estamos em boas condições de saber porquê, Não dorme porque cometeu uma falta que nem a homem é perdoável. A cada filho que José ia fazendo, Deus levantava um pouco mais a cabeça, mas nunca virá a levantá-la por completo, porque as crianças que morreram em Belém foram vinte e cinco e José não viverá anos suficientes para gerar tão grande quantidade de filhos numa só mulher, nem Maria, já tão cansada, já de alma e corpo tão dorida, poderia suportar tanto. O pátio e a casa do carpinteiro estavam cheios de crianças e era como se estivessem vazios. (...) "Deus não perdoa os pecados que manda cometer."




"Deus é tanto mais Deus quanto mais inacessível for (...)."






"Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá, e perguntaria a Marta, Crês tu nisto, e ela responderia, Sim, creio que és o filho de Deus que havia de vir ao mundo, ora, assim sendo, estando dispostas e ordenadas todas as coisas necessárias, a força e o poder, e a vontade de os usar, só falta que Jesus, olhando o corpo abandonado pela alma, estenda para ele os braços como o caminho por onde ela há-de regressar, e diga, Lázaro, levanta-te, e Lázaro levantar-se-á porque Deus o quis, mas é neste instante, em verdade último e derradeiro, que Maria de Magdala põe uma mão no ombro de Jesus e diz, Ninguém na vida teve tantos pecados que mereça morrer duas vezes, então Jesus deixou cair os braços e saiu para chorar."



"Um rei não prende outro rei, um deus não mata outro deus, para que houvesse quem prendesse e matasse é que foram feitos os homens comuns." (...) Que mandas então que façamos, Que ajudeis a minha morte a poupar as vidas dos que hão-de vir, Não podes ir contra a vontade de Deus, Não, mas o meu dever é tentar (...)."
















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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

As Intermitências da Morte (José Saramago)



























"Sobre a mesa há uma lista de duzentos e noventa e oito nomes, algo menos que a média do costume, cento e cinquenta e dois homens e cento e quarenta e seis mulheres, um número igual de sobrescritos e de folhas de papel de cor violeta destinados à próxima operação postal, ou falecimento-pelo-correio. A morte acrescentou à lista o nome da pessoa a quem se dirigia a carta que tinha regressado à procedência, sublinhou as palavras e pousou a caneta no porta-penas. Se tivesse nervos, poderíamos dizer que se encontra ligeiramente excitada, e não sem motivo. Havia vivido demasiado para considerar a devolução da carta como um episódio sem importância. Compreende-se facilmente, um pouco de imaginação bastará, que o posto de trabalho da morte seja porventura o mais monótono de todos quantos foram criados desde que, por exclusiva culpa de deus, caim matou a abel. Depois de tão deplorável acontecimento, que logo no princípio do mundo veio mostrar como é difícil viver em família, e até aos nossos dias, a cousa tinha vindo por aí fora, séculos, séculos e mais séculos, repetitiva, sem pausa, sem interrupções, sem soluções de continuidade, diferente nas múltiplas formas de passar da vida à não-vida, mas no fundo sempre igual a si mesma porque sempre igual foi também o resultado. Na verdade, nunca se viu que não morresse quem tivesse de morrer. E agora, insolitamente, um aviso assinado pela morte, de seu próprio punho e letra, um aviso em que se anunciava o irrevogável e improrrogável fim de uma pessoa, tinha sido devolvido à origem, a esta sala fria onde a autora e signatária da carta, sentada, envolta na melancólica mortalha que é seu uniforme histórico, com o capuz pela cabeça, medita no sucedido enquanto os ossos dos seus dedos, ou os seus dedos de ossos, tamborilam sobre o tampo da mesa."





































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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

José Saramago 93 anos!



































José de Sousa Saramago nasceu em Portugal no dia 16 de novembro de 1922;









Tinha 2 anos de idade quando a família se mudou para Lisboa. Demonstrou, desde muito cedo, interesse pela leitura. Formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi de serralheiro mecânico. Fascinado pelos livros, visitava, à noite, uma biblioteca pública;







Trabalhou durante doze anos em uma editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista  Seara Nova. Em 1947, publicou o primeiro livro "Terra do Pecado";








Depois do primeiro livro, apresentou ao seu editor o livro "Claraboia" que, depois de rejeitado, permaneceu inédito até 2011. Persiste, contudo, nos esforços literários e, dezenove anos depois, troca a prosa pela poesia, lançando "Os Poemas Possíveis".Num espaço de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: "Provavelmente Alegria" (1970) e "O Ano de 1993" (1975);








Em 1976, publica o romance "Manual de Pintura e Caligrafia". Em 1979, publica a peça de teatro "A Noite", que recebe o Prêmio da Associação Portuguesa de Críticos. Em 1980, publica "Levantado do Chão", marco inicial do seu estilo de escrita. O livro ganhou o Prêmio Cidade de Lisboa, em 1980 e o Prêmio Internacional Ennio Flaiano em 1992. Em 1986, conhece a jornalista Pilar del Río, com quem viria a casar-se 2 anos depois;









Em 1992, publica o livro que que o consagrou mundialmente, "Memorial do Convento". Nele, misturou factos reais com personagens inventados: o rei D. João V e Bartolomeu de Gusmão, com a misteriosa Blimunda e o operário Baltazar, por exemplo. O contraste entre a opulenta aristocracia ociosa e o povo trabalhador e construtor da história servem de metáfora;








Publica "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1984), A Jangada de Pedra (1986) e "História do Cerco de Lisboa" (1989). Em 1990, publica o polêmico "O Evangelho segundo Jesus Cristo";








Em 1995, publica aquela que é considerada sua maior obra "Ensaio Sobre a Cegueira". No mesmo ano, recebe o Prêmio Camões;










Publicou "Todos os Nomes" (1997), "O Conto da Ilha Desconhecida"(1997), "A Caverna" (2001), "O Homem Duplicado" (2002), "Ensaio sobre a Lucidez" (2004); e "As Intermitências da Morte" (2005). Com essas obras, penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da vida contemporânea, questionando a sociedade capitalista e o papel da existência humana condenada à morte;








Em 1988, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro concedido a um escritor de língua portuguesa. Durante toda a vida, acumulou 24 prêmios literários (nacionais e internacionais), 38 doutoramentos Honoris Causa, além de 46 outras distinções, entre as quais podemos destacar o título de sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. Morreu, aos 87 anos, em 18 de junho de 2010 na sua casa em Lanzarote, acompanhado por sua família e amigos próximos.






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