Livraria Cultura
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quarta-feira, 8 de julho de 2015
O Cheiro do Ralo (Lourenço Mutarelli)
"Eu
queria um dia escrever um livro. Eu não queria plantar uma árvore. Não queria um filho. Queria só um livro. Queria ler um livro que eu mesmo tivesse escrito. Um escritor disse uma coisa um dia. Eu não sei quem ele era. Só ouvi alguém dizer o que ele teria dito. Parecia arrogância, mas não era. Era autossuficiência. Parece que perguntaram para ele o que ele lia, ou o que ele estava lendo. "Quando quero ler um livro, eu mesmo escrevo." Eu queria ter dito isso. Eu queria poder escrever. Mas em mim só encontro silêncio. E, por isso, eu não sei escrever. Escrever é claro que eu sei. Só não sei escrever um livro. Não consigo encontrar as palavras. Não consigo encontrar as palavras nas palavras. Só encontro minha voz no que penso. Mas o que eu penso, ninguém ouve. O que eu penso é silêncio. Então eu me calo. O silêncio é minha voz. O silêncio é a voz que eu calo. O silêncio é a voz que eu guardo. O silêncio, é lá onde eu moro. O silêncio sou eu."
"Penso em escrever um livro só com as frases que um dia grifei. Tornar meu o que não era meu. Tornar meu o que adquiri."
"Depois do alívio, o que vem? O vazio."
"Mas o que eu realmente buscava não estava ali. Tampouco em outro lugar. O que eu buscava era só a busca. Era só o buscar. E por isso agora já não há mais desejo, só cansaço. Só
o vazio. Só a certeza do incerto."
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