Livraria Cultura
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segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Travessia de Verão (Truman Capote)
"Finalmente
chega a hora em que a pessoa se pergunta, o que foi que eu fiz? E para ela essa hora havia chegado naquela manhã à mesa do café quando Apple, ao ler a carta em voz alta, mencionara essa parte sobre o vestido; esquecendo-se de que não queria aquele vestido, e sabendo apenas que agora nunca iria usá-lo, ela desceu desabalada a escadaria de uma nova e misteriosa dor: o que foi que eu fiz? O mar perguntava a mesma coisa, gaivotas estridentes arremedavam o mar. A maior parte da vida é tão deliciosa que sequer vale a pena falar nela, e é tediosa em todas as idades. Quando trocamos nossa marca de cigarros, quando nos mudamos para um bairro novo, quando assinamos um novo jornal, quando nos apaixonamos e nos desapaixonamos, estamos protestando de maneiras que são ao mesmo tempo frívolas e profundas contra o tédio indissolúvel da vida cotidiana. Infelizmente, qualquer espelho é traiçoeiro, e reflete em algum ponto de cada aventura o mesmo rosto frívolo e insatisfeito, então quando ela pergunta o que foi que eu fiz? - na verdade quer
dizer o que estou fazendo? - como geralmente acontece."
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domingo, 29 de setembro de 2013
Dom Quixote (Miguel de Cervantes)
"(...)
ainda que impusessem silêncio às línguas, não o puderam impor às penas, as quais, com mais liberdade que as línguas, soem fazer entender a quem amam o que na alma está encerrado, pois muitas vezes a presença da coisa amada embaraça e emudece a intenção mais determinada e a língua mais ousada."
"A vida dos cavaleiros andantes tem os seus altos e baixos, como
tudo neste mundo."
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sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Psicose (Robert Bloch)
"Claro, o tempo é relativo. Einstein disse isso, e ele não fora o primeiro a descobrir—os antigos também sabiam, assim como alguns místicos modernos, como Aleister Crowley e Ouspensky. Tinha lido todos, tinha até alguns livros deles. A Mãe não aprovava; dizia que essas coisas eram contrárias à religião. Mas esse não era o verdadeiro motivo. Era porque, quando ele lia esses livros, não era mais o filhinho dela. Era um adulto, um homem que estudava os segredos do tempo e do espaço, e sabia os segredos da dimensão e da existência. Era como se fosse duas pessoas, na verdade—a criança e o adulto. Quando pensava na Mãe, ele voltava a ser criança, usava vocabulário de criança, referências e reações infantis. Mas quando estava sozinho, não; em verdade, não sozinho, mas afundado em um livro, era um indivíduo maduro."
"
Norman não gostava de se barbear por causa do espelho. Havia linhas curvas nele. Todos os espelhos pareciam ter ondas que feriam sua vista."
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Em Algum Lugar do Paraíso (Luis Fernando Veríssimo)
"O tempo não tem pontos fixos, o tempo é uma sombra que dá a volta na Terra. Ou a Terra é que dá voltas na sombra. Nossa única certeza é que será sempre a mesma sombra — o que não é uma certeza, é um terror. Na nossa fome de coordenadas no tempo nos convencemos até que dias da semana têm características. Que uma terça-feira, por exemplo, não serve para nada. Que terça é o dia mais sem graça que existe, sem a gravidade de uma segunda — dia de remorso e decisões — e o peso da quarta, que centraliza a semana (pelo menos em Brasília), ou a concentração da quinta, ou a frivolidade da
sexta. Gostaríamos que passar pelos dias fosse como passar por meridianos e paralelos, a evidência de estarmos indo numa direção, não entrando e saindo da mesma sombra. Não passando por cada domingo com a nítida impressão de que já estivemos aqui antes."
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quarta-feira, 25 de setembro de 2013
O Som e a Fúria (William Faulkner)
"Era o relógio de meu avô, e quando o ganhei de meu pai ele disse: "estou lhe dando o mausoléu de toda esperança e todo desejo; é extremamente provável que você o use para lograr o
reducto absurdum
de toda experiência humana, que será tão pouco adaptado às suas necessidades individuais quanto foi às dele e
às do pai dele. Dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo o seu fôlego tentando conquistá-lo. Porque jamais se ganha batalha alguma, ele disse. Nenhuma batalha sequer é lutada."
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terça-feira, 24 de setembro de 2013
Os Belos e Malditos (F. Scott Fitzgerald)
"Então
amadureci e abri mão da beleza das ilusões encantadoras. Minha fibra mental tornou-se áspera e meus ouvidos, tremendamente aguçados. A vida brotou como um mar em volta de minha ilha, e, dentro em breve, eu nadava. (...) O tédio, que não passa de um outro nome e um disfarce frequente da vitalidade, tornou-se a alavanca inconsciente de todos os meus atos. A beleza, eu a tinha ultrapassado, vocês compreendem. Eu amadurecera."
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Morrer de Prazer (Ruy Castro)
"Entre
um gole e outro naqueles bares elegantes,
mots d'esprit
sobre literatura, política ou jornalismo cruzavam o ar em três ou quatro línguas, tendo ao fundo, em surdina, perfeitos Cole Porter, Stephen Sondheim ou Tom Jobim. Beber apenas fazia parte da liturgia. Impossível imaginar que, nos cinco anos seguintes, até 1988, esse cenário de glamour fosse sendo substituído pelo beber solitário, a qualquer hora, em qualquer ambiente, em qualquer companhia e, não por último, pelo beber qualquer coisa. E isso não obedeceu a um declínio financeiro ou profissional – ao contrário. Seguiu apenas uma equação formulada havia séculos pelos chineses e que aprendi com F. Scott Fitzgerald, mas nem eu nem ele levamos a sério: você toma um drinque; depois, o drinque toma um drinque; por fim, o drinque toma
você."
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sábado, 21 de setembro de 2013
A Máquina do Tempo (H. G. Wells)
"E
tenho comigo, para o meu conforto, duas estranhas flores - agora ressecadas, escurecidas, amassadas e quebradiças - para testemunhar que, mesmo quando a inteligência e a força tiverem desaparecido, a gratidão e uma ternura mútua ainda viverão no coração dos homens. É uma lei da natureza, de que tantas vezes descuidamos: que a versatilidade intelectual é a nossa compensação por enfrentar as mudanças, os perigos, os problemas. Um animal em perfeita harmonia com seu ambiente é um mecanismo perfeito. A natureza nunca apela para a inteligência senão quando o hábito e o instinto são incapazes de resolver um problema. Não existe inteligência onde não existe mudança ou a necessidade de mudança."
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