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sábado, 4 de maio de 2013
De Amor e Trevas (Amós Oz)
"Pela escala de valores dos meus pais, quanto mais ocidental fosse uma coisa, mais alta se encontrava no plano da cultura. Por mais que Tolstói e Dostoiévski fossem caros a sua alma russa, tenho a impressão de que a Alemanha — apesar de Hitler — parecia-lhes mais culta do que a Rússia e a Polônia. A França, mais do que a Alemanha. A Inglaterra situava-se talvez um pouco acima da França. Quanto aos Estados Unidos, não estavam muito seguros: afinal, esse era um país onde as pessoas atiravam nos índios, assaltavam trens pagadores, cavavam à procura de ouro e caçavam mocinhas. A Europa era para eles a Terra Prometida proibida — o continente encantado dos campanários, das praças calçadas com pedras muito antigas, dos bondes, das pontes e torres de igrejas, das aldeias remotas, das fontes de águas medicinais, das florestas e dos prados cobertos de neve.As palavras "chalé", "prado" e "pastora de gansos" me fascinaram e comoveram durante toda a infância. Havia nelas a fragrância voluptuosa de um mundo genuíno, sereno, distante do zinco dos telhados empoeirados, dos terrenos baldios com suas carcaças enferrujadas e moitas espinhosas, das encostas áridas da Jerusalém sufocada sob o peso do verão esbranquiçado. Bastava sussurrar para mim mesmo "prado" — e já ouvia os mugidos das vacas com seus sininhos pendurados no pescoço e o murmúrio dos regatos. De olhos fechados, eu contemplava a linda pastora de gansos, que para mim era sexy até as lágrimas, antes mesmo que eu entendesse alguma coisa."
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