Livraria Cultura

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A montanha mágica (Thomas Mann)




























"(...) o tempo, nessas alturas, tinha um caráter especial e parecia feito para produzir hábitos, ainda que fosse apenas o hábito de não se habituar."




"(...) aguardar significa adiantar-se, significa sentir o tempo e o presente não como um dom, mas como mero obstáculo, significa negar e aniquilar seu valor intrínseco e saltá-los espiritualmente. Dizem que é enfadonho esperar. Mas ao mesmo tempo, e mais propriamente, esperar é divertido, pois assim se devoram quantidades de tempo sem as viver e explorar como tais. Poder-se-ia dizer que o homem que apenas espera se parece com um comilão cujo aparelho digestivo deixa passar as massas de comida sem lhes assimilar os valores nutritivos e proveitosos. Poder-se-ia ainda mais longe e dizer: como os alimentos não digeridos não fortificam o homem, o tempo desperdiçado na espera não faz envelhecer. Verdade é que praticamente não existe a espera pura, sem mistura."




"Começou outubro como costumam começar os meses... Um começo em si discreto e sem ruído algum, sem sinais nem manchas de nascença, um insinuar-se em silêncio, que facilmente escapa à atenção, caso insubmissa à ordem severa. Em realidade, o tempo não tem cesuras; não há tempestades nem ressoar de trombetas no início de um novo mês ou de um novo ano, e mesmo no início de um novo século somos apenas nós, seres humanos, que lançamos fogos e repicamos sinos."




"Crepúsculo, chuva e barro, rubros clarões de fogo no céu turvo que sem cessar estruge atroadoramente; os úmidos ares invadidos e dilacerados por silvos agudos, por uivos raivosos que avançam como o cão dos infernos e terminam a sua órbita, entre estilhaços, jatos de terra, detonações e labaredas, por gemidos e por gritos, por clarinadas estridentes e pelo rufar de tambores, clamando depressa, cada vez mais depressa..." e apesar de declarado pessimismo, deixa o destino de Hans Castorp em aberto e encerra o livro com uma pergunta: "Será que também da festa universal da morte, da perniciosa febre que ao nosso redor inflama o céu desta noite chuvosa, surgirá um dia o amor?"

















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