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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Até o dia em que o cão morreu (Daniel Galera)










"Até o dia em que o cão morreu, eu nunca me lembrava dos meus sonhos. Sonhava, é claro, mas as imagens do sonho não permaneciam na memória além daqueles poucos segundos após o despertar. Sempre duvidei de gente que me narrava sonhos de uma noite anterior, pra mim eram mentirosos. Desde aquele dia, contudo, tenho um sonho recorrente. Há pequenas variações, mas é o seguinte: estou deitado no colchão de casal do meu quarto, pelado, lendo uma tralha qualquer. Fecho o livro e me estico na cama, as pernas debaixo do cobertor, escutando apenas o zunido dos mosquitos. Uma pessoa deveria chegar a qualquer momento, tenho essa sensação, mas ninguém chega. A vista da janela é exatamente a mesma daquele apartamento - a água cinzenta do Guaíba, a chaminé da Usina, as ilhas e os prédios -, porém as cores são estranhas, muitos verdes e violetas, com raios piscando no horizonte."
















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