O amor na Literatura nas três fases da vida:
(o critério utilizado para classificar os livros não foi, exclusivamente, a idade dos personagens mas também a forma como o autor aborda o tema na obra)
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amores juvenis:
Dexter Mayhew e Emma Morley se conheceram em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes. Mas, depois de apenas um dia juntos, não conseguem parar de pensar um no outro. Os anos se passam e Dex e Em levam vidas isoladas - vidas muito diferentes daquelas que eles sonhavam ter. Porém, incapazes de esquecer o sentimento muito especial que os arrebatou naquela primeira noite, surge uma extraordinária relação entre os dois. Ao longo dos vinte anos seguintes, flashes do relacionamento deles são narrados, um por ano, todos no mesmo dia: 15 de julho. Dexter e Emma enfrentam disputas e brigas, esperanças e oportunidades perdidas, risos e lágrimas. E, conforme o verdadeiro significado desse dia crucial é desvendado, eles precisam acertar contas com a essência do amor e da própria vida.
O livro narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.
A redatora publicitária Clarissa Corrêa escreve sobre as desilusões de um romance avassalador. Clarissa é certeira, indo direto ao ponto por meio de relatos sinceros, que recheiam o livro e dão uma pitada diferente no modo de pensar o amor. Entre os altos e baixos do fim de uma relação amorosa, a história é contada e sentida a partir de desabafos escritos em primeira pessoa. Cheio de citações a personalidades do cotidiano atual, o texto adquire um tom de veracidade e aproximação a cada página, criando uma intimidade até mesmo cômica com que já sentiu ou passou pela mesma situação, em que o amar e ser amado não é responsabilidade de um só. Registrando todas as fases de um rompimento, a protagonista chora, se arrepende, fica aliviada, triste de novo, sente saudades, tem muita raiva, volta a amar o mesmo amor, se encontra e se desencontra várias vezes. Chega à etapa de se entender e respeitar, para poder, quem sabe, voltar a amar. Escreve crônicas e poemas que expressam seus sentimentos. Conta os detalhes da traumática separação, classifica os tipos de homem e declara independência. Partindo de uma forma mais caótica de se expressar até chegar o mais próximo da razão, o amor e todos os seus obstáculos são a força que alimenta a narrativa. Sem medo de se expor ou ser julgada, a protagonista de Para todos os amores errados é um reflexo da mulher contemporânea que, ao mesmo tempo em que se permite amar, não tem medo de falar e gritar aos sete ventos que uma paixão também pode dar errado.
Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, uma das cinco filhas de um espirituoso, mas imprudente senhor, no entanto, é um novo tipo de heroína, que não precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e defender suas posições com perfeita lucidez de uma filósofa liberal da província. Lizzy é uma espécie de Cinderela esclarecida, iluminista, protofeminista. Neste livro, Jane Austen faz também uma crítica à futilidade das mulheres na voz dessa admirável heroína — recompensada, ao final, com uma felicidade que não lhe parecia possível na classe em que nasceu.
Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.
A lenda do casal apaixonado de Shakespeare atrai visitantes a Verona, na Itália, todos os anos. Todos os dias, cartas, que costumam ter como endereço simplesmente 'Julieta, Verona', chegam à cidade. Chegam aos montes, em quase todas as línguas possíveis e imagináveis, escritas por românticos que buscam os conselhos de Julieta. E, surpreendentemente, nenhuma fica sem resposta. 'Cartas para Julieta' conta a história dessas cartas e dos voluntários que vêm escrevendo respostas para elas durante mais de sete décadas. O livro reconstitui a história por trás da peça de Shakespeare e leva o leitor até os monumentos que alimentaram a lenda de Julieta e seu Romeu.
"A Mulher do Viajante no Tempo" conta a história do casal Henry e Clare. Quando os dois se conhecem Henry tem 28 anos e Clare, 20. Ele é um moderno bibliotecário; ela, uma linda estudante de arte. Os dois se apaixonam, se casam e passam a perseguir os objetivos comuns à maioria dos casais: filhos, bons amigos, um trabalho gratificante. Mas o seu casamento nunca poderá ser normal. Henry sofre de um distúrbio genético raro e de tempos em tempos, seu relógio biológico dá uma guinada para frente ou para trás e ele então é capaz de viajar no tempo, levado a momentos emocionalmente importantes de sua vida tanto no passado quanto no futuro. Causados por acontecimentos estressantes, os deslocamentos são imprevisíveis e Henry é incapaz de controlá-los. A cada viagem, ele tem uma idade diferente e precisa se readaptar mais uma vez à própria vida. E Clare, para quem o tempo passa normalmente, tem de aprender a conviver com a ausência de Henry e com o caráter inusitado de sua relação. Neste livro, a autora mostra com muita sensibilidade, inteligência e bom humor que o verdadeiro amor é capaz de transpor todas as barreiras - inclusive a mais implacável de todas: o tempo.
"Não sou nada especial; disso estou certo. Sou um homem comum, com pensamentos comuns, e vivi uma vida comum. Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome em breve será esquecido, mas amei outra pessoa com toda a minha alma e coração e, para mim, isso sempre bastou." Noah Calhoun Assim tem início uma das mais emocionantes e intensas histórias de amor que você lerá na vida... O livro é o retrato de uma relação rara e bela, que resistiu ao teste do tempo e das circunstâncias. Com um encanto que raramente é encontrado na literatura atual, O Diário de uma Paixão de Nicholas Sparks, o consagra como um contador de histórias clássicas, com uma perspectiva excepcional sobre a mais importante e única emoção que nos mantém. Com mais de 12 milhões de cópias vendidas, o livro que emocionou as pessoas ao redor do mundo, foi traduzido para mais de 20 línguas.
Neste romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.
amores adultos:
Um livro, um filme, duas obras-primas. Se François Truffaut não houvesse encontrado por acaso, num sebo de Paris, o genial romance de Henri-Pierre Roché, não teria feito Jules e Jim - filme que sintetiza todos os postulados da Nouvelle Vague. Nessa obra, que reúne o romance e o roteiro decupado e ilustrado do filme, o leitor brasileiro irá desfrutar da leitura de uma narrativa em estilo moderno, telegráfico, incisivo e delicado. Além de descobrir o universo original de Jules e Jim, e ter o privilégio de recompor os meandros dessa feliz adaptação e perceber por que Truffaut sentiu-se obrigado a manter diversos trechos intactos do romance em sua obra.
No labirinto difícil do amor, um homem acredita ter encontrado a sua outra voz, o seu avesso: uma mulher de quem nada sabe, apenas um conjunto de mentiras, pequenas e grandes, que ela construiu para melhor servir um amor de verão. Para ele – o homem desta história –, o sentimento tem a força de uma vida inteira. Depois de perdê-la, ele a procura como se nessa busca estivesse a sua essência, o melhor de si. Procura pelo mundo inteiro, pelos países que ela confessou ter conhecido (terá?), pelas cidades que relatou com paixão. De uma ilha portuguesa a Veneza, o homem perde o rastro dela e perde-se na tristeza infinita de saber que o seu destino falhou. O amor visto por um homem tem o poder e a dor das coisas maiores. Em Estocolmo, na cidade fria, o personagem refaz a sua forma de viver, de estar com os outros. Encontra uma outra mulher, que não sendo ela, a mulher da sua vida, é alguém que pode abraçar todos os dias. Uma mulher que não faz perguntas, silenciosa, que bebe demais e que o empurra para um triângulo amoroso com uma amiga de origem angolana.Há, em Morder-te o coração, a procura do sexo como instrumento de sobrevivência, como mais-valia de calor humano que nos protege e defende da solidão. Entretanto, em Portugal, a primeira mulher faz o relato da sua infância, do dia em que perdeu o coração, a mãe, o alcoolismo do pai, os homens que a violentaram e perseguiram, o desejo de recomeçar, a tentação da mentira, o fascínio da fotografia, uma tentativa de suicídio. As duas histórias misturam-se. Ele e ela, e ainda ele com mais duas mulheres. Por mero acaso, ele encontra o rosto do amor na internet e foge de Estocolmo numa derradeira tentativa de cumprir o seu destino de felicidade. Porque acredita que ainda é possível. Porque há acontecimentos maiores do que a razão. O que sucede depois são uma sucessão de pequenos acontecimentos que marcam em definitivo os destinos dos personagens. "Morder-te o coração" não é uma clássica história de amor. É fruto do tempo alucinado em que vivemos. Para o melhor e para o pior.
O amor, como a atmosfera, nos envolve, nos alimenta. Também pode envenenar. O amor é o mais intenso dos sinônimos da vida, o mais permanente, o que de fato salva. O amor nos consome e nos consuma. Na coletânea de crônicas "O Amor Esquece de Começar", Fabrício Carpinejar comparece pela primeira vez vestido em prosa, em linguagem fluente, conversando quase num sussurro generoso - porque o que ele nos traz são notícias, impressões, e mais, a força impactante, reconfortadora e capaz de fazer nascer o ser que sempre fomos. Só que, desta vez, completos. O amor nos toma, mesmo antes de abrirmos a porta e percebermos sua entrada. Convém não deixá-lo ir embora, convém deixá-lo entrar. "O Amor Esquece de Começar" é um alerta, um aviso, uma porta aberta. Carpinejar, desta vez, abre a sua guarda, única forma (exposição plena na ação corajosa e generosa de ser quem é) para chegar ao coração de seu tema: a paixão, que nos envolve, que nos abandona muitas vezes ressecadas, que nos ressuscita, que leva quem ama e mesmo quem não ama na direção do inesquecível, do definitivo, da salvação que nos mergulha no perder-se para se encontrar. Sem posses, mas possuídos. Desarmados, mas enfim saboreando o alimento supremo: nossa alma gêmea, que nos olha num silêncio a narrar por gestos suaves o que o discurso mais inflamado nem cogita.
Rob é um sujeito perdido. Aos 35 anos, o rompimento com a namorada o leva a repensar todas as esferas da vida: relacionamento amoroso, profissão, amizades. Sua loja de discos está à beira da falência, seus únicos amigos são dois fanáticos por música que fogem de qualquer conversa adulta e, quanto ao amor, bem, Rob está no fundo do poço. Para encarar as dificuldades, ele vai se deixar guiar pelas músicas que deram sentido à sua vida e descobrir que a estagnação não o tornou um homem sem ambições. Seu interesse pela cultura pop é real, sua loja ainda é o trabalho dos sonhos e Laura talvez seja a única ex-namorada pela qual vale a pena lutar. Um romance sobre música e relacionamento, sobre as muitas caras que o sucesso pode ter e sobre o que é, afinal, viver nos anos 1990. Com rajadas de humor sardônico e escrita leve, a juventude marinada em cultura pop ganhou aqui seu espaço na literatura. Ou, como escreveu Zadie Smith, “Hornby levou o romance inglês de volta a suas raízes perdidas. Nos ajudou a lembrar que nem todos os livros precisam falar dos quinhentos anos de história pós-colonial, [...] podem falar da alma de um homem, sua casa e como ele vive nela, das ruas por onde anda e das pessoas que ama”. Este é um retrato do homem contemporâneo sem ruídos, um retrato em alta fidelidade.
Um número primo é inerentemente solitário: só pode ser dividido por si próprio ou por um, nunca se adaptando aos outros. Alice e Mattia também, vivendo em torno do seu próprio eixo, sozinhos com as suas respectivas tragédias. Alice, uma criança bastante introvertida, é obrigada pelo pai a frequentar um curso de esqui para ser forte e competitiva. No entanto, um acidente terrível deixará marcas no seu corpo para sempre. Mattia é um menino de inteligência brilhante cuja irmã gémea é deficiente. Quando são convidados para uma festa de anos, ele deixa-a sozinha num banco de jardim e nunca mais torna a vê-la. Estes dois episódios irreversíveis marcarão profundamente a vida de ambos para sempre. Anos depois, quando estes "números primos" se encontram, são como gêmeos que partilham uma dor muda que mais ninguém pode compreender. E tal como os números primos, ambos estão destinados a viver vidas paralelas sem nunca se encontrarem.
Pode-se dizer deste livro que ele é um clássico moderno. Publicado pela primeira vez em 1962, seu público leitor só fez crescer desde então. O título — Para viver um grande amor — parece exercer sobre nós um grande fascínio. Vinicius de Moraes não decepciona seu leitor. E talvez devêssemos acrescentar: ele nunca nos decepciona, alçando-nos, ao contrário,além de nossas expectativas.Para viver um grande amor estrutura-se de modo singular: alterna poesia e prosa. As crônicas guardam as marcas típicas do gênero, como a observação aguda do cotidiano e a linguagem despojada.Mas, além disso, conforme o próprio Vinicius, “há, para o leitor que se der ao trabalho de percorrê-las em sua integridade, uma unidade evidente que as enfeixa: a do grande amor”. Quanto aos poemas, encontram-se, aqui exemplares de grande força expressiva, como o impactante “Carta aos Puros’. Os poemas não raro tomam para si a tarefa da crônica e, então, surgem experiências como os bem humorados “Feijoada à minha moda” e “Olhe aqui, Mr. Buster” ou o seco e dramático “Blues para Emmett Louis Till”. O volume abre com um caderno de imagens que reproduz originais de Vinicius e fotografias que ajudam a recriar o universo afetivo e intelectual do livro.Um posfácio do ensaísta Francisco Bosco,escrito especialmente para esta edição,lança um novo olhar crítico sobre a obra,ao passo que a sessão “Arquivo” recupera textos fundamentais e por vezes pouco conhecidos, como a crônica inédita em que Carlos Drummond de Andrade fala da noite de autógrafos de "Para Viver um Grande Amor".
Depois de treze anos de amor - de um desses amores absolutos que nascem na adolescência, modelam o mundo à sua imagem e parecem condenados à imortalidade -, Rímini e Sofía separam-se. Para ele, que já ronda os trinta, tudo volta a ser novo e brilhante, como o pavimento de uma rua após um aguaceiro. Redescobre o desejo e - com a ajuda eficaz de algumas substâncias ilícitas - lança-se desenfreadamente a recuperar o tempo perdido. Mas a sua relação com Sofía não morreu, ou fez apenas o que faz o amor quando finge ter terminado: mudou de forma. E quando volta e o surpreende, emboscando-o num recanto escuro, o amor tem o rosto do pavor. Mulher-zumbi, espectro vingador, apaixonada insone, Sofía reaparece repetidamente no horizonte de Rímini para o reconquistar, martirizar ou salvar-lhe a vida, arvorando as bandeiras de uma paixão amorosa que não recua perante nada e tudo pretende controlar. Assim, Rímini, que com a separação tinha vislumbrado a possibilidade de um renascimento, afunda-se pouco a pouco num abismo de pesadelo ou de comédia, num inferno em que a chantagem sentimental, a traição e o crime são moeda corrente. Aos poucos, vai perdendo tudo: trabalho, saúde, novas relações e até um filho, e o seu calvário sofrerá uma viragem inesperada - talvez por ter atingido a perfeição - quando conhecer as Mulheres que Amam Demais, uma célula de terrorismo emocional que, liderada por Sofía, se reúne para conspirar num bar chamado Adela H.
amores maduros:
O livro conta a história de David Kepesh, professor aposentado que faz sucesso com um programa cultural na televisão e que todos os anos oferece um curso livre na universidade, em que sempre conquista namoradas com um terço de sua idade. Seu discurso - dirigido a um interlocutor que só no final se manifesta - é uma afirmação de seu sentimento de liberdade e de seu horror a todo vínculo emocional. Mas o egoísmo calculista de Kepesh não resiste à paixão que o domina quando conhece Consuela Castillo, jovem de vinte e quatro anos, filha de uma rica família de imigrantes cubanos, cuja beleza excepcional faz com que sinta bem mais do que atração sexual. Depois de um ano e meio de relacionamento os dois se separam, mas Kepesh continua obcecado. Anos mais tarde, Consuela o procura para lhe fazer uma revelação trágica. Kepesh se vê então dividido entre os imperativos da razão, que não permitem que se envolva, e a força da paixão que o impele a assumir uma relação mais séria com uma mulher. A força do texto está no contraste entre as racionalizações rígidas de um homem autocentrado e o poder da paixão que irrompe, imprevisível, destruindo suas certezas.
André Gorz, jornalista austríaco radicado na França, reconhecido por seus trabalhos nas áreas da filosofia e sociologia, surpreendeu o mundo ao escrever "Carta a D.", uma pungente declaração de amor a Dorine, sua companheira por quase sessenta anos. Dirigindo-se à mulher doente, Gorz relata a história de paixão, cumplicidade e militância (com propostas inovadoras no setor trabalhista e uma atuação pioneira em ecologia política) que os uniu para sempre desde que se conheceram em Lausanne, na Suíça, em outubro de 1947. Com o agravamento irremediável da doença de Dorine, os dois se suicidaram e seus corpos foram encontrados lado a lado em 24 de setembro de 2007.
Considerado o livro mais autobiográfico da escritora, dramaturga e cineasta Marguerite Duras (1914-1996), "O amante", escrito em 1984, recebeu o Prêmio Goncourt, o mais importante da literatura francesa e se consagrou como sua obra mais célebre. O romance narra um episódio da adolescência de Duras: sua iniciação sexual, aos quinze anos e meio, com um chinês rico de Saigon. Se as personagens e fatos são verídicos, a escrita os transfigura e transcende; não sabemos em que medida a história é verdadeira. Os encontros amorosos são, ao mesmo tempo, intensamente prazerosos e infinitamente tristes; a vida da família contrapõe amor e ódio, miséria material e riqueza afetiva. A presença da mãe, sua desgraça financeira e moral, do irmão mais velho, drogado, cruel e venal, e do irmão mais novo, frágil e oprimido, constituem uma existência predominantemente triste, e por vezes trágica, de onde Duras extrai um esplendor artístico que se reflete em sua própria pessoa - personagem enigmática, quase de ficção. Tem sido dito que ler este livro é como folhear um álbum de fotografias - a narrativa se desenrola em torno de uma série de imagens fascinantes. Esse trabalho primoroso com as imagens também pode ser verificado nos mais de vinte filmes dirigidos por Duras e na possibilidade de seus textos se transformarem em filmes, como o fez Jean-Jacques Annaud com "O Amante" em 1991.
Capitu, Bentinho e Escobar formam o triângulo amoroso mais conhecido da literatura nacional – com a condição de que acreditemos no narrador de um dos mais polêmicos romances brasileiros. Quem conta a história de Dom Casmurro é o próprio Bento Santiago, agora um senhor maduro que relembra a infância passada no bairro carioca de Matacavalos, quando conheceu o amor de sua vida: Capitu. Com a ironia que lhe é característica, Machado revolucionou o romance de amor, deixando para os leitores um dos grandes enigmas da nossa cultura: afinal, Capitu traiu ou não traiu?
Um romance surpreendente sobre um casal em uma sociedade que procura superar as dificuldades dissimuladas sob a aparente felicidade apregoada pelos Estados Unidos nos anos 1950. Ambientada em 1953, recuando também ao período da Segunda Guerra, a relação do casal de protagonistas toma diversos rumos, combinando episódios da repressão do macarthismo a questões que envolvem lealdade conjugal. Um sucesso de vendas que recebeu, entre outros, os prêmios do Washington Post, do Amazon Books e do Financial Books de melhor livro de 2008.
O livro conta a a história de um velho jornalista que escolhe a luxúria para provar a si mesmo, e ao mundo, que está vivo. Primeira obra de ficção do autor colombiano em dez anos, "Memória de Minhas Putas Tristes" desfia as lembranças de vida desse inesquecível e solitário personagem em mais um vigoroso livro de Gabriel García Márquez. O leitor irá acompanhar as aventuras sexuais deste senhor, narrador dessas memórias, que vai viver cerca de "cem anos de solidão" embotado e embrutecido, escrevendo crônicas e resenhas maçantes para um jornal provinciano, dando aulas de gramática para alunos tão sem horizontes quanto ele, e, acima de tudo, perambulando de bordel em bordel, dormindo com mulheres descartáveis, até chegar, enfim, a esta inesperada e surpreendente história de amor. Escolhido o presente, ele segue para o prostíbulo de uma pitoresca cidade e ao ver a jovem de costas, completamente nua, sua vida muda imediatamente. Quando acorda ao lado da ainda pura ninfeta Delgadina, o personagem ganha a humanidade que lhe faltou enquanto fugia do amor como se tivesse atrás de si um dos generais que se revezaram no poder da mítica Colômbia de Gabriel García Márquez. Agora que a conheceu, ele se vê à beira da morte. Mas não pela idade, e sim por amor. Para uns, "Memória de Minhas Putas Tristes" trata-se de uma reflexão romanceada sobre o amor na terceira idade. Para outros, é um hino de louvor à vida e, por extensão, ao amor, já que um não existe sem o outro no imaginário do Prêmio Nobel de Literatura de 1982. Sempre sublime, Gabriel García Márquez presenteia-nos com esta jóia narrativa repleta de sabedoria, memória e bom humor, que confere ainda mais brilho à sua genialidade literária.
Péter Esterházy traça um retrato original e bem-humorado da relação entre um homem e uma mulher – ou muitos homens e muitas mulheres. Vai desde as questões do cotidiano – a casa, o dinheiro, as famílias, filhos, trabalho, comida –, até questões de história e política, compondo um complexo mosaico da figura feminina. O mistério a ser decifrado é a singularidade dessa “uma” mulher que pode ser várias mulheres ou várias facetas de uma mesma (metamorfoseada das formas mais inusitadas). Considerado um dos principais autores europeus contemporâneos, com mais de 30 livros publicados e traduzido para cerca de 25 países, Péter Esterházy alterna humores e sentimentos nos 97 fragmentos de Uma mulher, que podem ser lidos como uma série de diferentes histórias ou partes de uma mesma obra. Amor e ódio estão sempre presentes, tornando as coisas agitadas, como é comum nas relações amorosas. Porque no amor (assim como no livro de Esterházy) nada é definido nem definitivo, e um casal precisa sempre se lembrar por que é mesmo que decidiu ficar junto. "Há uma mulher. Sente por mim o que eu sinto por ela, me odeia, me ama. Quando ela me odeia eu a amo, quando ela me ama, eu a odeio. Não existe outra possibilidade."
Frank e April Wheeler são jovens que, ao se mudarem para uma casa confortável nos arredores de Nova York, acreditam ter uma vida cheia de oportunidades pela frente. Apesar de terem de conviver com vizinhos mesquinhos e desinteressantes, consideram-se acima de tudo isso. Mas, conforme os anos passam, seus desejos parecem cada dia mais distantes. Ele detesta o trabalho burocrático, mas não sabe o que fazer para escapar da rotina. Ela, que se tornou mãe de dois filhos antes do planejado, gasta os dias em pequenos afazeres domésticos. Agora, uma nova chance de mudar suas vidas os fará tomar um rumo inesperado. Com profunda empatia e clareza, Richard Yates nos mostra como Frank e April comprometem esperanças e ideais, traindo não apenas um ao outro, mas também a si mesmos. Lançado em 1961 com o título original "Revolutionary Road", o livro de Richard Yates está na lista dos 100 maiores romances de todos os tempos da revista Time.
amores juvenis amores adultos amores maduros:
O livro é fruto de uma série sobre grandes paixões da história, publicada no jornal espanhol El País. Rosa Montero mostra que os amantes são, se não um pouco, muito 'loucos'. A paixão e o amor podem ser enaltecidos de tantas maneiras, e podem ser usados como pretexto para tantas anomalias, que é assustador perceber que os finais felizes não entram para a história. A autora analisa uma gama de relacionamentos que deixaram marcas até hoje, como o romance entre o pintor Amedeo Modigliani e a virgem Jeanne Hébuterne, o platonismo de Lewis Carroll pela criança Alice Lidell, ou os clássicos amores de Cleópatra e Marco Antônio, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, e mesmo John Lennon e Yoko Ono.
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