Livraria Cultura
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quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Se um viajante numa noite de inverno (Italo Calvino)
"Você
vai começar a ler o novo romance de Italo Calvino,
Se um viajante numa noite de inverno
. Relaxe. Concentre-se. Afaste todos os outros pensamentos. Deixe que o mundo a sua volta se dissolva no indefinido. É melhor fechar a porta; do outro lado há sempre um televisor ligado. Diga logo aos outros: Não, não quero ver televisão!. Se não ouvirem, levante a voz: Estou lendo! Não quero ser perturbado!. Com todo aquele barulho, talvez ainda não o tenham ouvido; fale mais alto, grite: Estou começando a ler o novo romance de Italo Calvino!. Se preferir, não diga nada; tomara que o deixem em paz. Escolha a posição mais cômoda: sentado, estendido, encolhido, deitado. Deitado de costas, de lado, de bruços. Numa poltrona, num sofá, numa cadeira de balanço, numa espreguiçadeira, num pufe. Numa rede, se tiver uma. Na cama, naturalmente, ou até debaixo das cobertas. Pode também ficar de cabeça para baixo, em posição de ioga. Com
o livro virado, é claro."
"Não que você espere algo de especial deste livro em particular. Você é daquelas pessoas que, por princípio, já não esperam nada de nada. Há tanta gente, mais jovem ou mais velha que você, que vive à espera de experiências extraordinárias dos livros, das pessoas, das viagens, dos acontecimentos, de tudo que o amanhã guarda em si. Você não. Você já aprendeu que o melhor que se pode esperar é
evitar o pior."
"(...) antes afirmava preferir o livro, coisa sólida, que está ali, bem definida, que se pode desfrutar sem riscos, à experiência vivida, sempre fugaz, descontínua, controversa. Significaria então que o livro se tornou um instrumento, um canal de comunicação, um lugar de encontro? Nem por isso a leitura exercerá menos influência sobre você; pelo contrário: algo se
acrescenta aos poderes dela."
"(...) segredos encerrados nas palavras: você avança na leitura
como quem penetra uma densa floresta."
"Há uma linha limítrofe: de um lado estão aqueles que fazem os livros, do outro, aqueles que os leem. Quero continuar sendo parte dos que leem e, por isso, fico alerta para manter-me sempre aquém dessa linha. Caso contrário, o prazer desinteressado de ler acaba ou se transforma em outra coisa, que não é o que desejo. Trata-se de uma linha fronteiriça aproximativa, que tende a desaparecer: o mundo daqueles que se relacionam profissionalmente com livros é sempre mais populoso e tende a identificar-se com o mundo dos leitores. Certamente, também os leitores são cada vez mais numerosos, mas pode-se dizer que o número daqueles que usam os livros para produzir outros livros cresce mais depressa que o daqueles que se satisfazem em lê-los e amá-los. Sei que, se ultrapassar esse limite, mesmo ocasionalmente, correrei o risco de confundir-me com essa maré que avança; por isso, eu me recuso a entrar numa
editora, mesmo que por alguns minutos."
"A leitura é solidão. (...) Lê-se sozinho, mesmo quando se está
a dois."
"Ao ler, eu também procuro um respiradouro (...)."
Mais frases & trechos selecionados pelos leitores:
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