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quinta-feira, 1 de novembro de 2012
O único final feliz para uma história de amor é um acidente (João Paulo Cuenca)
"O
sr. Okuda só se dirige a mim em versos. O sr. Okuda não precisa recitar os versos para que eu os entenda. Eu sei o que ele quer dizer quando olha
para mim. Recebo ordens através do seu silêncio porque eu sou esse corpo e esse corpo tem apenas um fim, que é servir ao sr. Okuda, nem que seja ouvindo suas poesias sobre a minha perfeição, sobre os ciprestes numa estrada de Shikoku, sobre o canto dos pássaros ou, ainda, sobre a poesia em si, tema muito caro ao sr. Okuda, que ele também infiltra entre as linhas de outros poemas, e entre essas linhas ainda traça outros poemas sobre muitos outros assuntos, alguns que eu mal posso compreender, e assim os poemas e as linhas dos poemas se multiplicam e se intercalam até o infinito, e através delas o sr. Okuda me faz enxergar não só os belos sentimentos que tem por mim como também o mundo exterior, e o que está sobre ele e abaixo dele, porque eu nunca saí ou sairei de casa, esta que é a minha casa e também a casa do sr. Okuda. E, pensando melhor, na verdade a minha casa, a minha única casa, é o Sr. Okuda. Ele‑mesmo."
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